Espantalhos também amam
Associar os espantalhos a situações de medo e terror é um clichê nos roteiros cinematográficos. Para mudar essa imagem que remete aos "seres de palha", um curta que está sendo rodado na região, com previsão de lançamento para abril, chamado "Espantalhos", apresenta uma proposta totalmente distinta, ao dotá-los de sentimentos e fragilidades. "A história é de um amor trágico entre dois espantalhos numa plantação. Eles são bonecos de palha durante o dia, mas a noite se transformam em seres. O cinema tem mostrado espantalhos sempre de maneira assustadora, já que o próprio nome vem de espanto, mas nossa ideia era fazer dois espantalhos como seres frágeis, que têm sentimentos, se sentem solitários, até um dia em que eles descobrem o amor", resume o diretor e roteirista do curta, Marcelo Domingues.
Mais do que atribuir sentimentos humanos aos espantalhos, o curta, que é uma produção da Ampla em co-produção com a Camargo Produções e apoio do Núcleo Audiovisual da Secretaria da Cultura de Votorantim, também inova pela tecnologia de primeira qualidade, aplicada na confecção da ficção, que terá 15 minutos de duração e já é considerada por Domingues como o principal passo para a realização de um sonho: a produção de um longa-metragem. "Estamos rodando o curta com um cuidado todo especial, tanto técnico como na qualidade de equipe também. Nos cercamos do que podíamos ter de melhor e conseguimos bastante apoio", comemora Domingues, que conta com a direção de fotografia do premiado Ricardo Camargo, direção de produção de Alessandro Meise, direção de arte de Adriano Gianolla, equipe de apoio composta por integrantes do Núcleo Audiovisual de Votorantim, elenco central formado por Rivaldo Nogueira e Camila Cattai.
Só para se ter uma ideia do resultado de tanto investimento no curta, Domingues explica que as imagens estão sendo captadas por uma câmera similar a que foi utilizada em filmes como "Cisne Negro" e "Quem quer ser um milionário". E o resultado pode ser conferido antecipadamente nas imagens fotográficas divulgadas pela produção. "Estamos filmando cenas noturnas com a técnica chamada de "Noite Americana"", fala o diretor para explicar os efeitos obtidos, como profundidade e horizontes nas cenas noturnas, onde utilizou a técnica especial de fotografia para o cinema, que pode fazer com que cenas filmadas durante o dia, sob a luz do sol, pareçam se passar à noite. "Sem esse recurso não conseguiríamos as cenas noturnas de horizonte, pois a luz é limitada", explica o diretor, que no próximo mês começa a filmagem das cenas diurnas e então parte para o processo de edição e finalização do curta.
A um passo do longa
Tanto zelo com a produção, que é bancada pelas duas produtoras mas conta com apoio de amigos e entusiastas, tem uma explicação. De acordo com Domingues, que já soma no currículo mais de 10 curtas produzidos, três deles em parceira com Camargo, esse curta é uma espécie de passo fundamental para a realização de um sonho de anos: a produção de um longa-metragem. "Gravamos em 24 quadros e, depois de editado, pode ser feito o transfer, ou seja, passar o curta de digital para película, mas será uma outra etapa", esclarece o diretor que, assim que pronto, iniciará a busca por recursos para gravar uma cópia em 35 milímetros. "Teremos que ter recurso, pois a transferência para película custa cerca de R$ 800 reais o minuto. Então, para ter uma cópia em película de um curta de 15 minutos custaria R$ 12 mil", analisa Domingues, lembrando que em película, o curta tem oportunidade de participar de mais e maiores festivais.
- Notícia publicada na edição de 27/12/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno C
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